O acarajé dos Yorubás da África Ocidental que deu origem ao brasileiro é por sua vez semelhante ao Falafel árabe inventado no Oriente Médio Yansan é Orixá dos ventos e das tempestades, Senhora dos raios e dona da alma dos mortos. A ela são oferecidos os bolinhos feitos de feijão fradinho e fritos no azeite de dendê, o acarajé. Segundo a lenda, a deusa dos ventos, mulher de Xangô, foi a casa de Ifá, buscar um preparado para seu marido. Ifá entregou o encantamento e recomendou que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Yansan desconfiou e provou o alimento antes de entregá-lo ao marido. Nada aconteceu. Quando chegou em casa entregou o preparado ao marido, lembrando o que Ifá dissera. Xangô comeu e quando foi falar ao povo, começaram a sair labaredas de fogo da sua boca. Yansan ficou aflita e correu para ajudar o marido gritando Kawô Kabiesilé. Foi então que as labaredas começaram a sair da sua boca também.
Diante do ocorrido o povo começou a saudá-los: Obá anlá Òyó até babá Inà, ou seja, Grande Rei de Oyó, Pai do Fogo. Essa história explica o nome do acarajé, que vem do yorubá akárà (bola de fogo) e jè (comer).
O escritor Manuel Querino em A arte culinária na Bahia, de 1916, conta, na primeira descrição sobre o acarajé, que “no início, o feijão fradinho era ralado na pedra, de 50 cm de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10 cm de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, triturava facilmente o milho, o feijão, o arroz”.
O acarajé dos Yorubás da África Ocidental (Togo, Benin, Nigéria, Camarões) que deu origem ao brasileiro é por sua vez semelhante ao Falafel árabe inventado no Oriente Médio. Os árabes levaram essa iguaria para a África nas diversas incursões entre os séculos VII a XIX. As favas secas e grão de bico do Falafel foram alternados pelo feijão-fradinho na África.
Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo. O acarajé oferecido ao Orixá Yansan é ornado com nove ou sete camarões defumados, simbolizando “mensan orum” nove Planetas. O acará de Xangô tem uma forma ovalar imitando o cágado que é seu animal preferido. O acarajé também é um prato típico da culinária baiana e um dos principais produtos vendidos no tabuleiro da baiana e são mais carregados no tempero e mais saborosos, diferentes de quando feitos para o Orixá.
A forma de preparo é praticamente a mesma, a diferença está no modo de ser servido: ele pode ser cortado ao meio e recheado com vatapá, caruru, camarão refogado, pimenta e salada de tomates verde e vermelho com coentro. Há uma certa similaridade do acarajé com o abará. A diferença está na maneira de cozer. O acarajé é frito, ao passo que o abará é cozido no vapor.
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