Oiá sopra a forja de Ogun e cria o vento e a tempestade
Osaguiã estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas
eram as armas para guerrear.
Ògún fazia as armas, mas fazia lentamente.
Osaguiã pediu a seu amigo Ògún urgência, Mas o ferreiro já fazia o
possível.
O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova
tardava como o tempo.
Tanto reclamou Osaguiã que Oyá, esposa do ferreiro, resolveu ajudar
Ògún a apressar a fabricação.
Oyá se pôs a soprar o fogo da forja de Ògún e seu sopro avivava
intensamente o fogo e o fogo aumentado de calor derretia o ferro mais
rapidamente.
Logo Ògún pode fazer muitas armas e com as armas Osaguiã venceu a
guerra.
Osaguiã veio então agradecer Ògún. E na casa de Ògún enamorou-se de
Oyá.
Um dia fugiram Osaguiã e Oyá, deixando Ògún enfurecido e sua forja
fria.
Quando mais tarde Osaguiã voltou à guerra e quando precisou de armas
muito urgentemente, Oyá teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de
Osaguiã, onde vivia, Oyá soprava em direção à forja
de Ògún.
E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Osaguiã
da de Ògún.
E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais
pelo caminho, até chegar às chamas com furor atiçava.
E o povo se acostumou com o sopro de Oyá cruzando os ares e logo o
chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a
fabricação das armas, mais forte soprava Oyá a forja de Ògún. Tão forte
que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores,
arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Oyá e
o povo chamava a isso tempestade.
[ Lenda 173 do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Oiá recebe o nome de Iansã, mãe dos nove filhos
Oiá desejava ter filhos, mas não podia conceber
Oiá foi consultar um babalaô e ele mandou que ela fizesse um ebó.
Ela deveria oferecer um carneiro, um agutã,
muitos búzios e muitas roupas coloridas.
Oiá fez o sacrifício e teve nove filhos.
Quando ela passava, indo em direção ao mercado, o povo dizia:
"Lá vai Iansã".
Lá ia Iansã, que quer dizer mãe nove vezes.
E lá ia ela toda orgulhosa ao mercado vender azeite-de-dendê.
Oiá não podia ter filhos, mas tve nove,
depois de sacrificar um carneiro.
E em sinal de respeito por seu pedido atendido
Iansã, a mãe de nove filhos, nunca mais comeu carneiro.
[ Lenda 163 do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Oiá ganha de Obaluaê o reino dos mortos
Certa vez houve uma festa com todas as divindades presentes.
Omulu-Obaluaê chegou vestindo seu capucho de palha.
Ninguém o podia reconhecer sob o disfarce
e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Só Oiá, corajosa, atirou-se na dança com o Senhor da Terra.
Tanto girava Oiá na sua dança que provocava vento.
E o vento de Oiá levantou as palhas e descobriu o corpo de Obaluaê.
Para surpresa geral, era um belo homem.
O povo o aclamou por sua beleza.
Obaluaê ficou mais do que contente com a festa, ficou grato.
E, em recompensa, dividiu com ela o seu reino.
Fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos.
Rainha que é Oiá Igbalé, a condutora dos eguns.
Oiá então dançou e dançou de alegria.
Para mostrar a todos seu poder sobre os mortos,
quando ela dançava agora, agitava no ar o iruquerê,
o espanta-mosca com que afasta os eguns para o outro mundo.
Rainha Oiá Igbalé, a condutora dos espíritos.
Rainha que foi sempre a grande paixão de Omulu.
.[ Lenda 179 do livro Mitologia dos Orixás de Reginaldo Prandi ]
Nenhum comentário:
Postar um comentário