Certos da importância da cultura negra e ameríndia em nosso país, decidimos compartilhar as informações que foram pesquisadas sobre o ritual religioso conhecido como Nação de Omoloko. Como em todas os rituais que compõem a religião afro-ameríndia-brasileira, há variações entre uma casa de culto e outra onde o ritual de nação Omoloko é praticado.
A importância de se conhecer um pouco desse ritual está ligada a própria história do NEGRO e do ÍNDIO em nosso país. Tradicionalmente européia, Santa Catarina registra em seu passado histórico um forte domínio da cultura branca, a começar pelos próprios portugueses açorianos que povoaram o litoral sul do Brasil, além é claro dos alemães e italianos, hoje fortemente representados e reconhecidos em todo território nacional pelas festas de outubro.
Onde entram as parcelas Negra e Ameríndia na formação cultural do Sul do Brasil ? Partindo de uma pesquisa sobre a cultura afro-brasileira da Grande Florianópolis, decidimos tornar público o material pesquisado, possibilitando uma viagem pela história que até pouco tempo era contada sem a preocupação do registro formal, tão necessário para a sua permanência na posteridade. Durante a pesquisa realizada sobre os rituais afro-brasileiros existentes na Grande Florianópolis, identificamos a Umbanda como sendo a prática ritualística mais tradicional ainda em atividade. Ela apresenta-se com diversas sub-denominações para seus rituais entre as quais Umbanda de Omoloko. O Omoloko, apresenta-se como um segmento de origem africana que surgiu no Brasil oriundo de uma miscigenação que ocorreu na época da escravidão. Afinal, os rituais religiosos que encontramos atualmente nos terreiros são heranças de um tempo onde a cultura negra era envolvida num sincretismo que unia os orixás africanos aos santos católicos. Nas senzalas, a cultura negra ricamente representada era mantida de forma original aos olhos dos negros e paramentada com formas e objetos que pudessem satisfazer os interesses dos senhores donos das terras. Como relatam inúmeros autores que escreveram sobre religião afro-brasileira, por baixo das imagens de santos católicos estavam "assentados" os Orixás.
O Omoloko é originário do Rio de Janeiro, que também serviu de berço para o surgimento da Umbanda, conforme relatam alguns estudiosos. No Rio de Janeiro, antes mesmo da origem oficial da Umbanda (1908), já eram comuns práticas afro-brasileiras similares ao que hoje conhecemos como Cabula e Omoloko. A cultura de um país é avaliada pelos reflexos conjunturais das atividades: científicas, artísticas e religiosas de um povo. Evidentemente essa cultura foi adquirida aos poucos, advindas de outras culturas através dos séculos. Segundo Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, em seu livro Culto Omoloko - Os Filhos de Terreiro - Omoloko é uma palavra yoruba, que significa: Omo - filho e Oko - fazenda, zona rural onde esse culto, por causa da repressão policial que havia naquela época, os rituais eram realizados na mata ou em lugar de difícil acesso dentro das fazendas dos donos de escravos. Talvez por causa disso hoje temos as denominações de “terreiro e roça” para os lugares onde os cultos afro-brasileiros são realizados. Nesse culto os orixás possuem nomes yoruba (Nagô), até seus Oriki (tudo aquilo que se relaciona ao Orixá) e seu Orukó (nome) são trazidos através do jogo de búzios ou Ifá. Seus assentamentos parecem-se com os do candomblé Nagô. Os Exus também são feitos de argila a semelhança de uma pessoa ou então simbolicamente em ferro. Podemos relacionar o significado da palavra Omoloko também ao Orixá Okô, a deusa da agricultura, que era adorado nas noites de lua nova pelas mulheres agricultoras de inhame. Antigamente, o Orixá Oko era muito cultuado no Rio de Janeiro. Esse Orixá era assentado junto com Oxossi, o que viria dar maior consistência a origem do culto Omoloko que é fortemente influenciado por Oxossí. O culto a Oxóssi é o que melhor marca o contexto religioso dos negros afro-brasileiros, bastando que para isso notarmos o destaque dado ao culto de caboclo, que está intrinsecamente ligado a Oxossi. Também segundo o Tatá Ti Inkice Tancredo da Silva Pinto, considerado o organizador do culto Omoloko no Brasil, na África, os sacerdotes do culto Omoloko realizavam suas liturgias em noites de lua cheia sob a copa de uma frondosa árvore carregada de frutos parecidos com maçã. Segundo ele, o culto Omoloko chegou ao Brasil proveniente do sul de Angola, onde era praticado por uma pequena nação pertencente ao grupo Lunda-Quiôco que ficava as margens do rio Zambeze, que chamavam Zâmbi e que lhes fornecia alimentação no período das cheias.
Quem foi Tancredo da Silva Pinto, considerado o organizador do culto Omoloko no Brasil?
Tancredo da Silva Pinto, Tatá Ti Inkice, nasceu no dia 10 de agosto de 1904, no Município de Cantagalo-RJ. Ainda na adolescência foi morar na cidade do Rio de Janeiro, na época Distrito Federal. Seus pais eram Belmiro da Silva Pinto e Edwiges de Miranda Pinto, e seus avós maternos eram Manoel Luiz de Miranda e Henriqueta Miranda. Seu avô fundou os primeiros blocos carnavalescos da localidade Avança” e “Treme Terra” e o “Cordão Místico”, uma mistura de caboclo com ritual africano, no qual uma tia sua chamada Olga saía fantasiada como Rainha Ginga, rainha do antigo reino de Matamba. Em 1950, fundou a Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros para resistir as grandes perseguições que a Umbanda sofria em diversos Estados brasileiros. Fundou Federações nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, entre outras, objetivando organizar e dar maior respeitabilidade e personalidade aos cultos afro-brasileiros. Com o intuito de divulgar os cultos afros, criou as festas religiosas de Yemanjá, no Rio de Janeiro; a festa a Yaloxá, em Pampulha e Cruzandê, em Minas Gerais; a festa do Preto Velho, em Inhoaíba, homenageando a grande yalorixá Mãe Senhora, na cidade do Rio de Janeiro; festa de Xangô em Pernambuco; o evento “Você sabe o que é Umbanda?”, realizado no Estádio do Maracanã, na Administração do Dr. Carlos Lacerda, e, finalmente a Festa da Fusão do Estado do Rio de Janeiro com o Estado da Guanabara, realizada no centro da Ponte Rio-Niterói. Recebeu em Sessão Solene na Câmara Estadual do antigo Estado da Guanabara e também da Câmara Municipal de Itaguaí, o Título de Cidadão Carioca, pelos serviços prestados em favor do povo umbandista. Tancredo escreveu mais de trinta obras literárias divulgando a Umbanda, entre elas: Iyao, Camba de Umbanda, Catecismo de Umbanda, Negro e Branco na Cultura Religiosa Afro-Brasileira, As Mirongas de Umbanda, Cabala Umbandista, Doutrina e Ritual de Umbanda no Brasil, Revista Mironga, entre outras. Tancredo da Silva Pinto foi sepultado no dia 02 de setembro de 1979, às 15:00hs, na quadra 70, carneiro 3810, no Cemitério de São Francisco Xavier, à Rua Pereira de Araújo, nº. 44, no Rio de Janeiro-RJ. As despedidas ao corpo de Tancredo foram realizadas no Ilê de Umbanda Babá Oxalufan, situado a Avenida dos Italianos nº.1120 em Coelho Neto, onde seu corpo foi velado. No livro de registro de filhos de santo estão registrados mais de 3.566 filhos de santos que foram iniciados pelo Tatá Ti Inkice. O Sirum (Axexê), cerimônia de encomenda do corpo de pessoa falecida foi realizado por José Catarino da Costa, conhecido como Zé Crioulo, filho de Xapanam e confirmado como Ogan Kalofé no Terreiro de Tio Paulino da Mata e Tia Olga da Mata.
O motivo que levou Tancredo a criar federações umbandistas para defender os direitos dos cultos afro-brasileiros desenrolou-se na casa de santo de sua tia Olga da Mata. Estando em casa de sua tia Olga da Mata, na Avenida Nilo Peçanha, 2.153, em Duque de Caxias, onde funcionava o Terreiro São Manuel da Luz. Lá, Xangô manifestou-se e disse: “Você deve fundar uma sociedade para proteger os umbandistas, a exemplo da que você fundou para os sambistas, pois eu irei auxiliá-lo nessa tarefa”. Após esse fato, ele fundou a Confederação Umbandista do Brasil, usando parte do pagamento recebido pelo direito autoral do samba “General da Banda”, gravado por Bleckaute e ajudou a fundar em outros estados outras federações umbandistas para defender os direitos dos cultos afro-brasilieiros. Segundo Tancredo da Silva Pinto, a primeira sociedade umbandista criada para defender os direitos dos umbandistas no Rio de Janeiro e no Brasil foi a União, fundada em 1941. Segundo ele, naquela época, devido às perseguições policiais, os cultos eram acompanhados por bandolim, cavaquinho e órgão, porque não era permitido tocar tambor (atabaques). No Rio de Janeiro, os cultos afro-brasileiros foram professados dessa maneira até 1950. Coisa semelhante acontecia nos terreiros de Umbanda em Florianópolis, onde as giras eram acompanhadas por palmas e eram realizas quase sempre em horários alternados entre a tarde e a noite.
Em Belo Horizonte, foi institucionalizado o dia 10 de agosto como sendo o dia consagrado a Nação Omoloko, conforme registro em Ata elaborada em reunião realizada à Rua Conde Déu nº.422, Bairro Vera Cruz, Belo Horizonte, na sede da Fraternidade para Estudos e Práticas Mediúnicas, presidida pelo Dr. Wamy Guimarães, Okala de Xangô e filho de santo do Tatá Tancredo.
A bandeira que representa a Nação Omoloko acha-se em exposição na Tenda Espírita Três Reis de Umbanda, à Rua Basílio de Brito, 43, Cachambi, Méier, Rio de Janeiro. Esta bandeira, trazida da África pelo Dr. Antônio Pereira Camelo, foi enviada por um Tatá Zambura da Guiné para que fosse entregue a Tancredo da Silva Pinto. A bandeira é na cor verde garrafa, com o desenho de uma pena branca no centro e uma linha longitudinal branca partindo do canto esquerdo superior para o canto direito inferior da bandeira, que mede aproximadamente 50x50 de cumprimento e largura.
Pesquisas mais recentes dão conta de que a origem do nome Omoloko pode também estar ligado ao povo Loko, que era governado pelo rei Farma, no Sertão de Serra Leoa. Ele foi o rei mais poderoso entre todos os Manes. Sua cidade chamava-se “Lokoja” e localizava-se a margem do Rio Mitombo, afluente do rio Bênue, que por sua vez é afluente do grande rio Niger. Lokoja ficava próxima do reino Yoruba. O povo Loko também era conhecido pelos nomes de Lagos, Lândogo e Sosso. O nome “Loko” foi primeiramente registrado em 1606. Também há registro de desse povo com o nome de Loguro. Os Lokôs viveram até 1917 a oriente dos Temnis de Scarcies. De acordo com pesquisas realizadas, a tribo Loko estava divida em tribos menores ao longo dos Rios Mitombo, Bênue e Níger, e no litoral de Serra Leoa. Em 1664, o filho do rei Farma foi batizado com o nome de D. Felipe. Evidentemente torna-se claro que o principio da sincretização afro-católica já acontecia na África antes da vinda dos africanos ao Brasil. Acredita-se que a Tribo Loko pertencia a um grupo maior chamado Mane, e que os povos dessa tribo vindos escravizados para o Brasil formaram o que hoje conhecemos como Nação Omoloko. Os povos Mane tinham por costume usar flechas envenenadas e arcos curtos, espadas curtas e largas, azagaias, dardos e facas que traziam amarrados embaixo do braço. Para combater o veneno de suas flechas, em caso de acidente, usavam uma bolsinha com um antídoto. Avisavam os seu inimigos o dia em que iriam atacá-los através de palhas - “tantas palhas, tantos dias para o ataque”. Traziam no braço e nas pernas manilhos de ouro e prata. Também eram amigos do brancos que invadiram a África Negra. Adoravam assentamentos de deuses e ídolos de madeira em figura de homem e animais. Quando não venciam as guerras açoitavam os ídolos e quando as batalhas eram vencidas eles ofereciam aos deuses comidas e bebidas. Chamavam as mulheres de “cabondos” e tinham como marca a ausência dos dois dentes da frente.
Em Florianópolis, talvez o único terreiro de Nação Omoloko existente na cidade seja a Tenda Espírita de Umbanda Juraciara, onde ritual de feitura é proveniente de uma pequena tribo chamada Arigole, que conforme pesquisas bibliográfica pertencia ao grande grupo dos Lunda-Quiôco. Contudo, o ritual de maneira geral, sofreu, como todos os outros no Brasil, influências dos Cultos Yoruba e Gêge na culinária, na liturgia dos rituais sagrados aos orixás, a introdução de novos Orixás ao cultos, no vocabulário.... Os africanos yoruba foram um dos últimos grupos afro a vir para o Brasil. Talvez por causa deste fato sua cultura religiosa predominou sobre as demais, influenciando às culturas minoritárias já existentes, escravizadas, aqui no Brasil. A Tenda Espírita de Umbanda Juraciára funciona na Ilha de Santa Catarina, hoje também conhecida como “Ilha da Magia” em Florianópolis, e é proveniente da Tenda Espírita de Umbanda São Sebastião que ficava no continente, no Bairro de Coqueiros, também em Florianópolis. Este terreiro foi um dos primeiros a ser estruturado em hierarquia sacerdotal em Florianópolis. A Yalorixá da Casa chamava-se Juracema Rodriguês, e era proveniente do Rio Grande do Sul, feita no ritual de Nação (Batuque).
YALORIXÁ GILOYÁ - (MÃE ANTONIETA)
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O SIGNIFICADO DO TERMO OMOLOKO
Algumas vezes tenho sido inquirido com a pergunta: “Omoloko é Umbanda ou Candomblé? “ A resposta só poderia ser uma única: Omoloko é ambas. Umbanda porque aceita em seus rituais o culto ao Caboclo e ao Preto-Velho. Candomblé porque cultua os Orixás africanos com suas cantigas em Yoruba ou Angola, pois como já disse anteriormente esse ritual foi fortemente influenciado pelas duas culturas. Como pode-se ver, o ritual Omoloko não poderia ser encaixado no grupo dos Candomblés chamados tradicionais, aqueles que cultuam somente orixás africanos, pelo motivo de que no Omoloko são cultuados os Caboclos e Pretos-Velhos. Porém pode ser encaixado nos candomblés não-tradicionais, isto é, aqueles que cultuam orixás africanos e Caboclos e Pretos-Velhos. Também como pode-se notar, a Nação Omoloko poderia ser encaixada no grupo chamado Umbanda, uma vez que cultua-se Caboclos e Pretos-Velhos, entidades genuinamente de Umbanda e há uma forte sincretização católica. Ele encaixa-se também como Umbanda quando refere-se a um grande grupo religioso, a Religião de Umbanda. Então nesse momento o povo de Omoloko se auto intitula Umbandista, cujo culto é voltado aos Caboclos e Pretos-Velhos e que sigam a doutrina de amor ao próximo.
OS SACRIFÍCIOS E OFERENDAS NA
NAÇÃO OMOLOKO
Uma forte característica de alguns rituais africanos é a realização de sacrifício de animais flores para os Orixás, herança trazida pelos negros escravos e mantida ainda hoje no Brasil, principalmente nos terreiros de Camdomblé. Essas atividades são geralmente realizadas em sessões internas envolvendo apenas os membros efetivos dos terreiros (filhos de santo), sem espectadores (assistência) externos. Nessas cerimônias só é permitido a presença de iniciados no culto e que tenham um grau hierárquico dentro do terreiro. Dentre os animais utilizados nas chamadas oferendas ou obrigações, são utilizadas aves(galinha, patas...) e animais quadrúpedes (cabras, bodes, coelhos, carneiro...). Entretanto essas atividades chamadas de "Obrigação de Santo" só acontecem em casos de iniciação sacerdotal ou em outras ocasiões muito especiais. A importância e necessidade desses rituais está no fato de de se acreditar na troca de energias entre os seres humanos e os outros seres da natureza, pois somos, todos, parte da natureza e precisamos reavivar dentro de nós o Orixá que todos trazemos como herança da própria África e recarregar nossa energia espiritual. Sacrifica-se um animal para que através do plasma sangüíneo possa o Orixá tomar forma e assim passar a coabitar no corpo físico e espiritual do futuro filho de santo. Era assim que os nossos ancestrais faziam na África e assim o fazemos aqui no Brasil, pois essa é a nossa forma mais próxima de mantermos viva essa força maior e de grande ligação ancestral, que é o Orixá Divinizado em pensamento e forma..." É nesse momento que o Orixá do médium é invocado e se faz presente, possibilitando uma maior interação entre o iniciado e o Orixá dono de sua cabeça (Ori ® Cabeça / Xá ® guardião).
Inúmeras são as bibliografias que de alguma forma questionam o uso de obrigações em que são utilizados animais como oferendas. É muito comum relacionar a prática de sacrifício de animais a fase primitiva dos negros oriundos do continente africano. Talvez, fosse essa a linguagem usada por aqueles que num passado histórico, condenaram a prática afro/religiosa, alegando um primitivismo que não cabia a "nova" fase do país em formação e com forte predomínio da cultura branca européia. É claro que, visto de um ângulo que não seja o africano, essas obrigações parecem ser retrógradas, tendo em vista a atual "modernização" com a qual convivemos. Porém, percebe-se uma certa convicção quanto ao "cortar" para o Orixá.
ETAPAS EVOLUTIVAS DE UM FILHO DE SANTO NA NAÇÃO OMOLOKO
Na Nação Omoloko, a primeira obrigação que um filho de santo faz é o EBÓ. O que é Ebó? Ebó é uma obrigação de limpeza material e espiritual. É uma obrigação muito simbólica, pois marca a passagem dele da vida mundana para ingressar na vida espiritual onde será iniciado para ser um sacerdote de culto afro-brasileiro. Após o filho de santo fazer o Ebó ele passa a ter o nome de “Abiã”, aquele que foi iniciado. Após o Ebó o filho de santo fica recolhido no Roncó por um período de 24 horas. Para repousar sua mente e corpo. Isolando ele poderá ter o seu primeiro contato íntimo com o seu orixá.
A segunda obrigação que o filho de santo fará é a COFIRMAÇÃO DE BATISMO. Nesta obrigação o filho de santo fica escolhe um padrinho e uma madrinha que representarão seus padrinho de batismo, se estes não puderem comparecer a cerimônia. No Omoloko acredita-se que o Batismo é realizado uma única vez na vida e pode ser feito em qualquer, realizado quando a criança nasce, mas ele poderá ser reforçado ou confirmado no terreiro. Nesta obrigação o filho de santo recebe a sua primeira guia, a guia branco-leitoso de Oshalá. Nesta obrigação o filho de santo não precisa ficar recolhido no Roncó; ele terá apenas que guardar sua cabeção do sol e do sereno durante 24 horas.
A terceira obrigação é a CATULAÇÃO. Nesta obrigação o Abiã que está sendo iniciado é recolhido ao Roncó durante 24 durante. Catulação significa “Abrimento de Coroa” e a sua finalidade é abrir a passagem da mediunidade do abiã. ou seja tornar o filho de santo mais receptivo para receber as vibrações dos Orixás. A catulação é acompanhada de um sacudimento (ebó de limpeza) que é realizado antes do filho de santo ser recolhido ao Roncó e é feito um jogo de búzios para verificar o Orixá do filho que será recolhido.
A quarta obrigação é o CRUZAMENTO. A finalidade do Cruzamento é fechar o corpo do abiã contra todas as formas de energias negativas. Ela inicia com um sacudimento (ebó) e um banho de ervas de preferência de ervas do Orixá do abiã, se já se tiver certeza se o mesmo é realmente o dono do ori do abiã que está em obrigação. Nesta obrigação o abiã é recolhido também por 24 horas ao Roncó. Em sua saída do Roncó ele receberá a sua segunda guia, a guia do Orixá dono do ori.
TEUJ - Filho de santo trajando roupa ritual branca da tribo Arigolê, Nação Omoloko.
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TEUJ - Yalorixá trajando roupa ritual de festa saúda o Orixá Inhasã Inhalosin.
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A quinta obrigação é chamado OBORÍ. Esta obrigação serve para reforçar as energias do filho de santo e realizar o assentamento em apotí do primeiro orixá do iyaô e o recebimento de sua 2ª guia. A guia de seu primeiro orixá, ou seja o dono do orí. O Obori divide-se em três tipos: Obori frio, feito com água e comidas dos orixás; Obori de dois pés - feito com aves; Obori de 4 pés - feito com animal quadrúpede. Esses Oborís serão aplicados pelo sacerdote conforme a necessidade e condições gerais do abiã. Nesta obrigação o abiã será recolhido também por 24 horas, mas terá um resguardo e a ser cumprindo em sua casa (dormir na esteira, usar branco, não pegar sereno nem sol desnecessariamente...) por um período de quinze (15) dias. Após essa obrigação, o filho de santo passa a ser chamado de iyaô, aquele que foi entregue ao Orixá, e também dará uma pequena festa em homenagem ao seu Orixá e a sua ascensão dentro do ritual.
TEUJ - Obrigação de Obori - filhos de santo vestindo roupa branca ritual em homenagem a Oxalá soltam pombos brancos, ave sagrada para os povos da tribo africana Arigolê.
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A sexta obrigação é chamada de SETE LINHAS. Esta obrigação é precedida de um ebó e será concluída com o assentamento do segundo orishá do iyaô e com o recebimento da 3ª guia. A guia do seu segundo orixá, ou seja o orixá de “juntó” e receberá também a Guia de Sete Linhas, que é um colar que representará a sua posição dentro do ritual por sua confecção específica e pela forma que ela é usada. Na Obrigação de Sete Linhas o iyaô ficará recolhido no Roncó durante três (3) dias e terá que cumprir um resguardo de 30 dias domingo na esteira , usando branco, não pegando sol e sereno desnecessário... Nesta fase o yiaô receberá o título Babakekerê ou Yákekerê. e passará a ser chamado pelo Sunan referente aos seu primeiro orishá. Nesse estágio o Babákekerê ou Yákekerê já poderá iniciar filhos de santo, mas sob a supervisão obrigatória do seu Babalorixá ou Yálorixá.
TEUJ - Obrigação de 7 Linhas - Orixá paramentado: Oxumaré
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TEUJ - Orixás paramentados: Inhasã Anhangá e Inhansã Inhalosin (em amarelo), Oxum Aeishá (em azul) e Omulú.
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TEUJ - Cabocla Juremá
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A sétima obrigação e última é a CAMARINHA. Nesta última obrigação o Babákekerê / Yákekerê receberá o grau de Babalorixá ou Yálorixá, podendo agora iniciar seus próprios filhos de santo e abrir sua própria casa de santo. Neste estágio o filho de santo, já babalorixá / yálorixá, poderá iniciar seus filhos sem a presença obrigatória do seu Babalorixá / Yálorixá, mas deverá sempre respeito e obediência ao seu iniciador e com a casa de santo de onde se originou. Nesta obrigação o filho de santo será recolhido no roncó do terreiro durante sete (7) dias; receberá seu Colar de Ifá; sua Guia de Babalorixá/yálorixá que tem característica de uso e confecção especial; terá cumprir novamente mais vinte e um (21) dias de resguardo. Nessa fase o filho de santo poderá assentar seu orishá em ferro, se o desejar ou então deixá-lo no apoti, se assim o preferir. Essa obrigação inicia com um ebó e se concluirá com uma grande festa de comemoração.
TEUJ - Saída de Camarinha - Orixá paramentado: Obaluayê
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TEUJ - Saída de Camarinha - Orixá paramentado: Ogum Beira-Mar do Cariri
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TEUJ - Saída de Camarinha - Cabocla paramentada: Juremí
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TEUJ - Yalorixá Giloyá (Antonieta M. dos Passos) em posição de saudação ao Orixá que sái do Roncó. Ao seu lado: Cambone, Babalorixá e o Orixá Omulú.
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TEUJ - Filho de santo de Sete Linhas recebe o Preceito da Bandeja, quando de sua Camarinha para receber o grau de Babalorixá.
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Na Nação Omoloko que segue o ritual da tribo Arigolê as obrigações seguem a ordem cronológica acima, não poderá ter sua ordem alterada.
OS ORIXÁS NO CULTO DE OMOLOKO
Quem são os Orixás? Esta é uma pergunta que a maioria das pessoas que freqüentam cultos afro-brasilieiros fazem a si mesmos e a outros. Orixás são entidades espirituais, dizem uns. Orixás são forças da natureza, dizem outros. Orixás são espíritos de mortos que dependendo do lugar onde morreu pode retornar na forma espiritual como Ogum, se morreu em batalhas, Povo d`Água se morreu no mar, rio ou lago, ou ainda “orixás são os Encantados”, dizem outros. Todas as alternativas podem estar certas, contudo elas sofrem o inconveniente de ser muito superficiais, haja vista que o orixá deve ser algo muito mais complexo.Para os seguidores dos rituais de Omoloko e Almas e Angola, os orixás além de simples forças da natureza ou entidade espirituais, dividem-se em duas categorias - Orixá Maior e Orixá Menor.
Orixá Maior é aquela entidade celeste que faz com que a natureza tenha movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os responsáveis diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as menores partículas atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no universo. É a essência da vida. Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo formação e manutenção da vida marinha, Xangô é o responsável pelo energia do trovão que desencadeia as tempestades que limpam a atmosfera, Nanã faz com que a chuva que cai na terra gere nova vida orgânica, Inhansã é a responsável pela limpeza do ar atmosférico e com seus ventos espalha a vida como pólens, Exú é o Orixá responsável pelo desejo sexual que gera vida nas espécies sexuadas. O Orixá Maior é pura energia, não passou pelo processo de encarnação como seres humanos. Ele é pura energia cósmica, a força vital que tem origem em Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do universo oscile entre o caos e a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas pelo primeiro nome, Ogum, Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e onipresente. é aquela entidade celeste que faz com que a natureza tenha movimento, se transforme e gere vida. Os orixás maiores são os responsáveis diretos, que encarregados Olorum/Zambi faz com que as menores partículas atômicas tenha energia e faz fluir a vida cósmica no universo. É a essência da vida. Por exemplo, Iemanjá é responsável pelo formação e manutenção da vida marinha, Xangô é o responsável pelo energia do trovão que desencadeia as tempestades que limpam a atmosfera, Nanã faz com que a chuva que cai na terra gere nova vida orgânica, Inhansã é a responsável pela limpeza do ar atmosférico e com seus ventos espalha a vida como pólens, Exú é o Orixá responsável pelo desejo sexual que gera vida nas espécies sexuadas. O Orixá Maior é pura energia, não passou pelo processo de encarnação como seres humanos. Ele é pura energia cósmica, a força vital que tem origem em Olorum/Zambi e que faz com que a mecânica do universo oscile entre o caos e a ordem gerando vida. Eles são chamados apenas pelo primeiro nome, Ogum, Xangô, Oxum, Omulu... O Orixá Maior é uno e onipresente.
Orixás Menores são aquelas entidades espirituais que fazem a mediação entre o ser humano e o Orixá Maior. Os orixás menores são, conforme as diversas lendas, espíritos de antigos reis e heróis africanos, índios, orientais, etc. Em essência, os orixás menores podem ser qualquer ser humano. Por exemplo, as lendas de Xangô e Ogum. Esses seres humanos comuns, por terem sido abençoados com poderes sobrenaturais concedidos pelos Orixás Maiores, tornaram seres humanos especiais dotados de superpoderes físicos ou mentais para proteger seu povo, e após a sua morte voltam a ter contato com os seres humanos comuns na forma de orixás menores. Essas pessoas receberam poderes diretamente do Orixá Maior, e tornaram-se semideuses aqui na Terra, como por exemplo o Hércules da mitologia grega. O Orixá Maior recebe sua energia cósmica diretamente da fonte, Olorum/Zambi. O orixá menor possui o mesmo nome do Orixá Maior de onde provem seus poderes, acompanhado de um sobrenome. Por exemplo, Ogum Beira-Mar, Inhalosin, Iemanjá Obáomi, Xangô Kaô...A este segundo nome chamamos de dijina ou sunam do Orixá. Assim podemos ter vários oguns, Xangôs, oxóssis, iemanjás... Da mesma forma seriam os Pretos-Velhos, cujo nome pode não exprimir a verdadeira entidade espiritual, pois o fato de entidade se manifestar como preto-velho não que dizer que ela necessariamente tenha que ter sido negro e escravo e o caboclo tenha que ser obrigatoriamente o espírito de um índio brasileiro. Os orixás menores, passaram pelo processo da reencarnação mas são espíritos dotados de poderes sobrenaturais concedido pelo Orixá Maior e que por isso possuem uma grande luz e compreensão espiritual e tem seu poder ampliado agora que não mais carrega o fardo do corpo físico, por isso não necessitando mais passar pelo processo da reencarnação para evoluir.. É isto que diferencia os eguns (espírito de morto que possui compreensão ou luz espiritual mas ainda poderá passar, se necessário, por outras reencarnações por ainda estar ligado ao mundo material) e kiumbas (espírito de morto que ainda não alcançou a luz espiritual, as nem compreende que ele já vive em outra dimensão e que seu corpo carnal não mais existe). É isso que diferencia o Orixá Menor dos demais seres espirituais que ainda não foram tocados pela energia do Orixá Maior. A energia concedida ao orixá menor também provem de Zambi/Olorum; entretanto, ela é canalizada a ele através do Orixá Maior, que é o elo de ligação entre eles, da mesma forma que o orixá menor é o elo de ligação entre o ser humano e o Orixá Maior. Dessa forma o Orixá Maior pode ser comparado grosseiramente a uma válvula que regula o fluxo de energia entre Zambi /Olurum e o orixá menor, podendo dessa forma reduzir, aumentar ou até mesmo retirar os poderes do orixá menor. No Omoloko, crê-se que são esses espíritos, os orixás menores que se manifestam nos omo-orixás (médiuns). E somente em momentos muitíssimos especiais é que o filho de santo poderá realmente ser tocado de forma muito rápida e superficial pelo Orixá Maior. O culto do orixá menor está ligado ao antigo culto dos antepassados e que nos foi legado pela cultura Banto; enquanto o culto ao Orixá Maior está ligado ao culto das forças da natureza e nos foi legado pelos iorubanos e gêges. É importante frisar que na própria África esses dois cultos se mesclam e se completam; da mesma forma que eles se completam aqui no Brasil.
DIAS da SEMANA, CORES e SÍMBOLOS dos ORIXÁS na NAÇÃO OMOLOKÔ
ORIXÁ
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CORES
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SÍMBOLO
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DIA FESTIVO
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Ogum | branco, verde e vermelho | espada ou lança | 23 de abril |
Oxossi e Odé | verde e branco | arco e flecha | 20 de janeiro |
Omulú | preto e branco | xaxará, cruz, pemba | 16 de agosto |
Obaluayê | preto, branco e vermelho | xaxará, cruz, pemba | 16 de agosto |
Ossanhe | verde claro | arco com 7 flechas e um pombo no centro, folha | 13 de dezembro |
Oxumarê | amarelo e branco | serpento ou arco-íris | 24 de agosto |
Nanãburoquê | roxo ou lilás | obiri, vassoura, carocol | 26 de julho |
Obá | vermelho e amarelo | espada e escudo | 25 de novembro |
Oxum | azul claro | abebê, estre | 08 de dezembro |
Iemanjá | azul claro e branco, cristal | peixe, lua | 02 de fevereiro |
Xangô | marrom | oxé (machado alado), pedra, meteorito | 24 e 29 de julho |
Inhasã / Oyá | amarelo | espada e raio, cálice | 04 de dezembro |
Irokô / Lokô | cinza e branco | árvore | 19 de abril |
Ibejí / Erê | azul ou rosa | folha | 27 de setembro e 25 de outubro |
Oxalá | branco leitoso | pachorô, cruz com raios, cálice, pilão, sol | 25 de dezembro |
Pretos-Velhos | preto e branco ou contas de lágrimas de nossa senhora | cruz, cachimbo, rosário | 13 de maio |
Caboclos | verde escuro ou verde e branco | arco e flecha | 20 de janeiro |
A HIERARQUIA SACERDOTAL
NO CULTO OMOLOKO
A hierarquia sacerdotal da Nação Omoloko segue a mesma estrutura dos grupos Yorubá:
Þ Babalorixá ou Yálorixá: sacerdote ou sacerdotisa, mais conhecidos como pai de santo ou mãe de santo, é a autoridade máxima no culto ao orixá;Þ Yákekerê e Babákekerê: filho de santo com obrigação de “Sete Linhas”.Þ Dagã: a pessoa que tem mais tempo de iniciação dentro do terreiro;Þ Ogã Nilú e Ogã Calofé: tocador de atabaque. Pessoa que dá início à maioria dos cânticos aos orixás nas giras (atualmente esses dois cargos tem sido ocupado por uma mesma pessoa);Þ Axogun: pessoa que, nas obrigações, sacrifica os animais;Þ Yábassé ou Yábá: cozinheira das comidas sagradas dos orixás;Þ Combono: pessoa que nas giras atende aos Orixás;Þ Exi-de-Orixá: filho de santo em geral;
Uma peculiaridade do culto Omoloko é que nele não existe o grau de “Mãe ou Pai Pequeno", como há em outros cultos afro-brasileiro. Para um iniciado tornar-se Babálorixá ou Yálorixá ele precisa ser iniciado nas sete obrigações que compõem a hierarquia sacerdotal, abrir seu próprio terreiro e ter seus próprios filhos de santo. Esse direito é adquirido quando o filho de santo faz a última obrigação que é chamada de “Camarinha”, na qual o filho de santo é iniciado e ao seu término recebe o direito de “criar” (iniciar) outros filhos de santo. Se esse filho de santo continuar no terreiro onde ele foi feito ele será chamado de Babákekerê ou Yákekerê – aquele que pode iniciar outros filhos de santo mas não possui ainda o seu próprio terreiro -. Ele ainda não recebeu o Deká. Entretanto, se ele for abrir o seu próprio terreiro para iniciar seus próprios filhos de santo, então ele receberá de seu Babálorixá ou Yálorixá o Deká e passará a ser chamado de Babálorixá ou Yálorixá pelas demais pessoas. Portanto, na Nação Omoloko o título de “Mãe Pequena ou Pai Pequeno; Mãe Grande ou Pai Grande” não existe, pois ele está condicionado ao pai de santo/mãe de santo ao abrir o seu próprio terreiro e ter os seus próprios filhos de santo. Na hierarquia da nação Omoloko o grau de Babákekerê ou Yákekerê está logo abaixo do de Babálorixá/Yálorixá, entretanto ele não pode ser comparado ao grau de “Pai/Mãe Pequeno(a) que há em outros rituais, pois na Nação Omoloko não existe uma obrigação específica para estes cargos como há no Ritual de Umbanda e Almas de Angola, por exemplo
ORGANIZAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS TERREIROS
Caminham juntas duas formas de organização dentro dos terreiros de Omoloko, uma seguindo o ritual religioso e outra referente a parte burocrática e administrativa .
A parte religiosa segue uma organização que vai desde a forma arquitetônica até as atividade anuais praticadas.
- Cangira: fica na entrada do terreiro, e é onde está assentado o Exu da casa.
- Casa das Almas: localizada geralmente fora do terreiro. e é onde está o assento das Almas
(Pretos-Velhos). Nessa casa encontram-se imagens de preto-velhos.
- Cozinha do Santo: local onde são preparados as comidas dos orixás e a comida para os participantes comerem em dias de festas e obrigações.
- Salão: é o local mais amplo onde são realizados os trabalhos espirituais. Nesse salão destaca-se o altar, onde ficam imagens de Orixás, Caboclos e Pretos-Velhos e, em alguns terreiros também são colocados imagens de santos da religião católica. Na maioria dos terreiros é contruída uma pequena cerca de madeira ou muro para separar o salão onde os filhos de santo giram da área da assistência.
- Ritmo dos pontos: (música religiosa) é marcado por três atabaques: Lé (tambór grande), Rum (tambor médio) e Rumpi (tambor pequeno). Além dos atabaques há um agogô (instrumento de metal que emite som semelhante ao do sino) e maracas (tipo de chocalho que contem dentro lágrimas de nossa senhora e por fora é recoberto por uma rede confeccionada com a mesma semente, que emite um som semelhante ao chiado.
- Organização: Durante as sessões os filhos de santo são organizados de acordo com a sua graduação hierárquica a partir do de altar em direção a porta de saída do terreiro, formando dois semi-círculos que começam do altar, com os mais graduados e termina no lado oposto com os menos graduados ou iniciantes. Durante a sessão os filhos de santo formam dois círculos, um dentro do outro. No círculo interno ficam os filhos de santo com graduação de Babálorixá/Yálorixá e Babákekerê/Yákekerê, e no círculo externo ficam os demais filhos de santo. Quando os orixás se manifestam os componentes do círculo interno passam a compor também o círculo externo. O círculo interno é substituído pelos orixás que vão se manifestando.
- Horário: Com relação ao horário, os terreiros obedecem a determinação do responsável pelo terreiro. No caso da Tenda Espírita de Umbanda Juraciára as gíras normais iniciam às 20:00 e terminam às 22:00 horas, e em dias de festividades as atividades terminam às 23:00 horas.
A organização burocrática, fica a cargo de uma diretoria composta por presidente, secretário e tesoureiro, além do conselho fiscal, que desempenham todas as funções burocráticas e administrativas que já tão bem conhecemos. Muitos terreiros tem CGC e alguns são reconhecidos como de utilidade pública (municipal, estadual e federal). Não sendo uma associação com fins lucrativos, a única fonte de renda dos terreiros é através de uma mensalidade cobrada dos médiuns para a manutenção geral do terreiro. Os próprios médiuns fazem a manutenção do terreiro, seja na limpeza ou mesmo na conservação das instalações físicas. Em alguns casos são contratados serviços profissionais, principalmente quando se trata de uma construção para aumento das instalações físicas. Como os terreiros são construídos a partir de doações e geralmente são construídos no próprio terreno junto a casa do Pai ou Mãe de Santo. Poucos são os terreiros que funcionam em terreno próprio, se é que há algum.
O ASPECTO ECOLÓGICO E O PAPEL SOCIAL
Atualmente, a maioria dos terreiros têm desempenhado um papel social e ecológico muito ativo dentro da sociedade brasileira. Em Florianópolis, muitos terreiro têm elaborado campanhas de solidariedade em época de festas tais como Natal e Páscoa. Alguns promovem suas festas dentro da própria comunidade onde estão localizados e outros atuam junto a creches, orfanatos e asilos, levando presentes, cestas básicas etc. Programas de cursos diversos são desenvolvidos e aplicados durante o ano, tendo por finalidade facilitar a vida da comunidade, além de palestras de conteúdo diversos. Em relação ao aspecto ecológico nota-se o nascimento de uma consciência atuante em relação a preservação do meio-ambiente e da natureza. Realmente, nota-se que os cultos afro-brasileiros estão despertando para uma nova realidade.
Fonte bibliográfica: Culto Omoloko - Ornato José da Silva;
Obras de Tancredo da Silva Pinto
Pesquisa de Campo: Tenda Espírita de Umbanda Juraciára -TEUJ
Pesquisador: Apolônio A. da Silva
Coord. Adm. Uniafro
CASA DE CULTOS AFRO-BRASILEIROS SENNOR DO BONFIM
Rua: Cláudio Manoel da Costa, nº.31, Nacional, Contagem, MG
Responsável: Tateto Fernando de Oxalá
Nação Omolocô
Correspondência dos Orixás
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Orixá | Inkisi | Bacuro | Lunda/Kalundu | Vodun | ||
(Ketu/Nagô) | (Angola) | (Omolocô) | (Omolocô) | (Jeje) | ||
Exú | Pangiro | Aluvaiá | Dundu Kianguim | Bará | ||
Ogum | Nkosi-Mukumbi | Kangira | Kianguim Uisu | Togunsi | ||
Roximucumbi | Sumbo Mucumbe | |||||
Oxossi/Odé | Kabila/Tawamin | Madé | Uisi | |||
Ossãe | Katendê | Katendê* | Agué | |||
Xangô | Nzaze-Loango | Jambangurim | Kiaguim Kindelé | Badé | Adantorun | |
Cambaranguanje | Jambancuri | Sobossi | ||||
Yansã | Matamba | Inhapopô | Uisu Kukusuka | Avejidá | ||
Oxum | Kissimbi | Kamba Lassinda | Mulombe | Aziri | ||
Logum | Terekompensu | Terekompensu* | ||||
Yemanjá | Mikaiá/Kaitumbá | Dandalunda | Anili Kindelé | |||
Nanã | Zumbarandá | Querequerê | Numba Kindelé | |||
Oxumarê | Angorô | Angorô* | Bessem | |||
Omolu | Kaivungo | Burunguça | Dandu Kindelé | Azanssum | ||
Ybeiji | Wunge | Caculu/Cabasa | Rôrô | |||
Irocô | Panzo/Kitembu | Pagauô | Diambanganga | Loko | ||
Ewá | Mina Nganji | Cuiganga | ||||
Obá | Mina Lugando | Karamocê | ||||
Oxalá | Lembá | Lembá di Lê | Kindele | Olissá | ||
Oguiã | Kassuté | Ferimã | ||||
Olufã | Lembaraganga | Gangarumbanda |
LINHAGEM DO CULTO OMOLOCÔ
Origem: Tribos LUNDA - QUIOCO
Chico Rei e Sua Corte
Oscarina Sani Adio – Tio Êrepê
Obacayodé
Açumano Sáo Adió
Benedita Yadoxé
Tancredo da Silva Pinto (Folketo Olorofé)
Antônio Pereira Camelo
Efigênia Arranca-toco
Nilza de Xangô (Xangô Yunge)
Fernando de Oxalá (Oguiandê)
Observação:
De Chico Rei até Açumano Saó Adió e Oscarina Sani Adió não existem registros sobre a linha sucessória.
Açumano Saó Adió, mais conhecido no culto Omolocô por Tio Sani. A Origem de sua Suna (Dijina) vem do Male.
Oscarina Sani Adió, cujo o primeiro nome vem do Celta e significa “guerreira”.
Tio Sani é de origem de puro Malê e dos Mussurúmi. Sani Adió de Mussurúmi, Açumano do Male e Oscarina Sani Adió (Yalorixá) vieram da Casa de Minas, no Maranhão, migrando para o Rio de Janeiro, e junto com João da Mina, Tio Obacayodé e Tio Êrepê se iniciaram na Nação Omolokô.
Tia Benedita, que recebeu a dijina Yadouxé era de procedência Banto Yadoy, a negra. Seu terreiro ficava em Nilópolis – Rio de Janeiro.
Oscarina, Açumano, Obacayodé e Êrepê tinham terreiros em Queimados – São João do Meriti, Morro de Santo Antônio, na antiga fazenda dos Botelhos, no Estado do Rio de Janeiro.
O Tata Ti Nkinse Tancredo da Silva Pinto com a Sunã Folketo Olorofé, era filho de Benedita Yadouxé.
O Sr. Antônio Pereira Camelo, Presidente da Confederação dos Cultos Afro-brasileiros Nossa Senhora do Rosário, em Minas Gerais , era pai de Efigênia de Oxóssi Arranca-Toco.
Mãe Nilza de Xangô, filha-de-santo de Efigênia do Oxossi Arranca-Toco, tem sua Casa de Santê em Belo Horizonte /MG, à Rua Riachuelo, 90 – Bairro Carlos Prates.
E por fim, Fernando de Oxalá, Tateto da Casa Senhor do Bonfim, filho-de-santo de Mãe Niza de Xangô, vem mantendo o Culto Omolokô e suas tradições, na Casa de Cultos Afro-Brasileiros Senhor do Bonfim, à Rua Cláudio Manoel da Costa, nº.31, no bairro Nacional, na cidade de Contagem, em Minas Gerais.
Fonte bibliográfica: Culto Omoloko - Ornato José da Silva;
Obras de Tancredo da Silva Pinto
Pesquisa de Campo: Casa de Cultos Afro-Brasileiros Senhor do Bonfim
Pesquisador: Tateto Fernando de Oxalá
ORIGEM DO OMOLOCÔ
Nós estamos à procura de alguma coisa há mais que nos mostrem mais luz.
Apesar de conhecermos a metade de UM todo, sobre as procedências dos cultos afros; suas Nações ou lugares, ainda é pouco. Aqui apresentamos também mais um tema sobre as Entidades Espirituais, que se denominamOrixás ou Santo Africano, que nada tem a ver com Santo Católico. Nossos antepassados (sacerdotes) chegados da África, usaram de um estratagema, contra os Senhores de Escravos, afim de dar sobrevivência e continuidade à nossa religião, para isso, em cada culto ou nação, seus sacerdotes, dentro de seus rituais, assimilaram por Sincretismo, o Santo Africano ao Santo Católico. Entretanto os segredos religiosos e cabalísticos dos cultos, não podiam ser revelados. Só podiam ser transmitidos oralmente, aos poucos, aos iniciados idôneos que se submetiam às provas do ritual, buscando a sua vocação de conhecimento espiritual e de fé. Compreendamos, portanto, a necessidade que temos de empregar parte da etnologia e da geografia, para mostrar os lugares de origem dos cultos ou tribos, e destas, as Entidades (Orixás). Assim temos a antiga Nação Angola. Este Estado era limitado pelo Norte pela África astral inglesa, à leste e ao sul, pela possessão alemã. Naquela época, o Território de Cabinda (Angola), separou-se do Estado Independente do antigo Congo, o qual era dividido em 6 (seis) distritos:Congo (antigo território de Cabinda), Loanda, Benguela, Mossamedes, Lunda-Quiôco e Huile. Este Estado apresentava como cidades principais: São Paulo de Luanda, Cabinda, Ambriz, Novo Redondo, Benguela, Mossamedes e Porto Alexandre. A sua superfície era de 1.300.000 milhões de quilômetros quadrados. Até o ano de 1918, esta antiga nação possuía uma população de 4 milhões e 120 mil habitantes, todos negros da raça bantos. O Ritual religioso do Culto Omolocô, se origina das tribos Lunda-Quiocôs. Todos os Espíritos evolutivos pretos-velhos que baixam nos terreiros umbandistas, pertenceram às tribos de Lunda-Quiocôs do Culto Omolocô, e seus lugares de origem, como seja: João Benguela, Pai Mossamedes, Pai Alexandre, Maria Redonda, Pai Cabinda, Pai Ambriz, Pai Luanda, etc. Temos também os bantos da África Oriental, de Dar-es-Salam, Quiloa, Bagamoyo, Tanga, Pangani; pertencentes principalmente à costa oriental. Essas tribos são cruzadas com um forte elemento asiático. Elas estão situadas no continente, ao sul da Ilha de Zanzibar, que foi à tempos atrás governada por um sultão árabe. Por esse motivo a Nação Omolocô, amalgamou-se e tornou-se uma Nação Eclética, com um ritual sempre cruzado, com suas raízes: Gêge, Quêto (reino iorubano do Sudeste da República do Benim, na fronteira com a Nigéria - África), Nagô, Angola, Almas (Iorubá), assim como com o Oriente, de origem asiática. Os Terreiros de Omolocô têm sempre uma puxada para o ritual de suas raízes, ou Nação Raiz, porém no fundo, as formas de iniciação, e de trabalhos são sempre seguindo uma mesma diretriz.
Bibliografia:
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL
Tancredo da Silva Pinto
A CRENÇA RELIGIOSA DO OMOLOCÔ, SOBRE A FORMAÇÃO DA TERRA
Sabemos que a crença religiosa, varia de culto para culto, no entanto temos a nossa e como tal daremos aos nossos irmãos de santo e aos neófitos, e leigos que não professam os cultos Afros, como os malungos (camaradas, companheiros), o dever de entenderem e passarem à frente, para que todos tenham o real conhecimento da fé dos filhos do Omolocô.
Antes, permitam que possamos lhes dizer que acreditamos firmemente que, os demais planetas componentes dos vários sistemas, são habitados, porém ignoramos a forma e os caracteres dos seres que neles vivem e por isso, temos a obrigação de explicar como para nós do Omolocô, surgiram os habitantes do planeta terra, ou seja o Planeta Presídio em que vivemos. Quando da criação deste planeta, houve por bem à ZÂMBI, de convocar para uma reunião, em seu palácio, Exu e Pomba-gira, para que esses Orixás, pudessem contar as boas novas do novo planeta. Instados a se pronunciarem, Exu e Pomba-gira não se fizeram de rogados e contaram que era necessário que os espíritos que na terra vagavam sem forma e sem se conhecerem, como simples espirais de fumaça, deveriam espiar seus débitos, materializados, já que , como dissemos acima, não passavam de simples espirais de fumaça sem se conhecerem e sem saber os resultados dos seus castigos. Inteligentemente, sugeriram Exu e Pomba-gira, que cada um dos Espíritos da Natureza, isto é, os Orixás, que sabemos são estacionários, tivessem um pouco mais de paciência e fornecessem os elementos químicos e os alimentos para esses espíritos, ficando Exu e Pomba-gira, com a responsabilidade de arrebanharem em outros planetas, espíritos também castigados e trazerem esses espíritos para a terra e se juntarem aos que aqui se encontravam. Após muita delonga, resolveu ZÂMBI, aceitar a sugestão de Exu e Pomba-gira, ficando no entanto cada Orixá presente, com a preocupação da devolução dos elementos químicos e dos alimentos, pois como é entendido por todos nós, donde se tira e não se repõe, esgota-se as reservas, sugerindo então Omolu uma nova reunião para posterior deliberação. Houve nova reunião e depois de falarem a cerca do plano de Exu e Pomba-gira, ficou assentado e consentido que isso seria feito, faltando no entanto saberem, como poderiam eles resgatar os elementos químicos e os alimentos. Diante de tão grave preocupação, Olodum (que comanda os Elementais) que à tudo assistia calado, resolveu se pronunciar e o fez de maneira inteligente, dizendo à todos os presentes que não se preocupassem, pois ele devolveria os alimentos e as essências químicas. Com o pronunciamento de Olodum, ficaram todos calmos e descansados e imediatamente aprovaram a idéia de Exu e Pomba-gira. Recebendo estão essa incumbência, partiram Exu e Pomba-gira em busca de novas camadas de espíritos em outros planetas, e em lá chegando, enganaram como lhes é próprio, com promessas de rápidos resgates de débito espiritual e anunciando que a terra era o lugar ideal para todos, um verdadeiro paraíso, e que eles lhes podiam acompanhar, pois não se arrependeriam. Iludidos com Exu e Pomba-gira e acreditando ser a terra realmente um paraíso, embarcaram eles nos dragões voadores de Exu e Pomba-gira e rumaram imediatamente para a terra. Quanta decepção e desilusão, quanta lágrima derramada, pois aqui chegados, deu-se o fenômeno da materialização e puderam eles enxergarem e sentirem já agora, na própria carne, pois receberam as essências químicas e as formas humanas, espetáculos deprimentes como crimes de todas as espécies, e coisas que sinceramente nos enoja, como taras, fobias que se manifestam nos infelizes. O Orixá TEMPO teve a missão de transportar os bons e os maus e muito ajudou a trazer as camadas inferiores e que até hoje procuram não se amoldarem como também se aperfeiçoarem e isto caros Irmãos, temos conseguido, haja visto que o progresso que ai esta e jamais poderá por alguém ser contestado. Somos por conseguinte, espíritos evolutivos e como tal devemos nos comportar e nos educar para vidas futuras, e voltarmos um dia, quem sabe quando, ao nosso sistema de origem com a graça e a infinita sabedoria de Zâmbi em toda sua Corte Celeste. Veremos que a nossa fé tem base sólida, pois o negro nesta leva, agiu justamente no continente , que mais se assemelha, ou seja a África e o branco na Europa, etc. Para finalizar, Irmãos devemos, cada vez mais nos amoldarmos para estarmos preparados para o regresso e que cremos será triunfal. Devemos entender que Omolu é o encarregado da vida e da morte material, e Olodum o encarregado de devolver aos espíritos da natureza (os Elementais) os restos mortais da matéria que se transformarão em essências químicas na forma de fogos-fátuos e que todos do Culto Omolocô sabem respeitar, pois esse fenômeno é a ligação e o sinal de Olodum com os demais Orixás, cumprindo ele com respeito o trato feito na reunião da Corte Celestial de Zâmbi. Por essa razão, ficaram Exu e Pomba-gira como agentes mágicos Universais e até hoje, intermediários entre os homens e os Orixás.
Bibliografia:
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL
TECNOLOGIA OCULTISTA DA UMBANDA DO BRASIL
Tancredo da Silva Pinto
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