Imagem: Nanahuatzin, o “esfolado” que virou o Quinto Sol.
Muitas tradições apresentam profecias, algumas delas até bastante recorrentes entre si.
Porém, enquanto algumas culturas ocultam as datas dos adventos divinos para não colocar em risco a epifania (vide episódio de Herodes, ante o surgimento dos Reis Magos), e outras colocam véus, pelas mesmas razões, através de ciclos inverossímeis (como fazem os budistas) –além das várias revelações que são anunciadas somente após os fatos ocorridos-, os maias-nahuas optaram –de uma forma única, na História da Humanidade- por tratar o tema das profecias de uma forma absolutamente precisa e científica, corroborando o profundo respeito que estes povos devotaram às ciências da Astrologia...
A Astrologia permite, com efeito, trazer muitas luzes sobre estes acontecimentos, os quais estão regidos, afinal, por ciclos bastante precisos. O futuro sempre parece nebuloso. Mas –e como aconselharia fazer a Ciência- para saber o que poderá acontecer agora, podemos nos amparar sobre aquilo que se descreve haver sucedido em outros momentos análogos do passado da humanidade.
A aproximação da data de 2012, suscitou naturalmente muita movimentação e especulações sobre o tema, atraindo especialmente os espíritos proféticos e o movimento New Age.
Porém, dentre as “informações” repassadas através da vasta literatura criada para este momento de 2012, a imensa maioria não passa de especulações vazias e sensacionalistas, assim como excesso de imaginação e uso de semi-verdades, confirmando isto um dos muitos “sinais” que, não obstante, os Evangelhos legaram sobre a Parúsia, a volta do Cristo: trata-de da vinda de muitos falsos profetas. Ora, cabe reconhecer que, apenas uma data astrológica, poderia realmente suscitar este tipo de “caldo de cultura” escatológico...
Temas como a inversão de eixo terrestre, por exemplo, podem no máximo se aplicar ao eixo magnético, coisa que não acarreta em danos físicos para ninguém. Numa outra acepção, a “virada” do eixo pode representar o movimento nutacional “de pião” do eixo da Terra, trazendo uma mudança profunda do pólo espiritual do planeta (são as energias de Shambala, o centro Primordial de luz, onde encarnam os avatares).
Neste quadro, é que se fala também do cinturão de fótons existente na área das Plêiades, constelação relacionada ao começo do Ano cósmico de 26 mil anos, de modo que ao transitar sobre ele, o planeta adquire uma vibração especial. Vários autores e os cientistas, têm tratado de desmentir esta hipótese, ademais o verdadeiro final do Ano cósmico, se realizaria apenas depois da Era de Aquário (razão pela qual ainda existe um avatar para vir, o Kalki Avatar), quando chegar o Solstício cósmico da transição de Era de Capricórnio, época em que realmente se celebrará o final do ciclo cósmico atual da humanidade e a superação da condição humana, razão pela qual as grandes profecias, como aquelas que envolvem o Apocalipse, tratam deste momento maior da evolução planetária.
As verdadeiras profecias maia-nahuas
O verdadeiro espírito profético se baseia na Ciência e na Tradição, respeita e trabalha sempre em cima disto. Apenas a Ciência material não pode dar conta da verdade completa mas, dentro dos seus limites, ela deve ser tida em conta para fornecer certas balizas e algumas informações concernentes à própria Tradição, através dos achados arqueológicos, dos registros etnológicos, etc. O investigador universalista, além de considerar os indícios e a lógica inerente, pode enriquecer ou até completar o seu acervo informativo através da pesquisa ecumênica e pela observação das analogias, permitindo abrir canais de intuição a partir disto e apurar as exegeses necessárias.
Uma coisa que distingue a profecia tradicional da profecia New Age, é o foco espiritual ou material. A profecia materialista, geralmente decorre de intérpretes humanos ou profanos, são improvisadas e comumente adaptações recentes de fatos históricos. Em função disto, estas profecias enfatizam ou “inventam” um fim-do-mundo radical e fantasioso.
Já as profecias realmente tradicionais, serão sempre mais sutis e espirituais. Eventualmente poderá haver relatos de catástrofes, mas tais coisas podem ser interpretadas de forma simbólica. É disto que trata, acima de tudo, as profecias maias-nahuas. Em parte, elas também descrevem crises ambientais, geradas pelo próprio ser humano. Assim acontece com os relatos nahuas sobre a sucessão dos “Sóis”, que decorre sob cataclismos ambientais e relatos de degeneração humana.
Este Quinto Sol que acaba em 2012, terminará segundo estas profecias através de fogo (vulcões) e de terremotos (como nas profecias de Jesus nos Evangelhos). Isto pode já fazer alusão ao aquecimento atmosférico, ou remeter a possíveis mecanismos que Gaia poderá acionar para reequilibrar aquilo que o ser humano tem desequilibrado, quiçá até produzindo uma pequena era glacial, que deverá ocorrer mais cedo ou mais tarde...
Esta será, pois, a primeira profecia maia-nahua aqui arrolada: a chegada do “Sexto Sol”. Seu caráter parcialmente material, deve-se ao fato de suceder na esfera da humanidade. Além disto, estas profecias cataclísmicas estão mais relacionadas à raça que parte, com sua Kali Yuga materialista, do que com a raça que chega, através de uma nova seleção de espíritos predestinados. Sóis ou Eras solares, são ciclos civilizatórios de 5,2 mil anos, também chamados de “raças-raízes” pelos teósofos, quem relacionam a Sexta Raça-raiz à América do Sul.
Relacionado a isto, os registros nahuas tratam da chegada dos “deuses planetários”, que são as Hierarquias dos Chohans, os mestres cósmicos de sexta iniciação. Na verdade, a expressão “Era solar”, também embute a acepção espiritual destas Hierarquias, que evoluem como força condutora por detrás das raças humanas.
Finalmente, já na esfera maia, os arqueólogos trataram de trazer a público neste ano, a fim de atenuar as especulações mais negativas sobre as profecias, as inscrições maias que relacionam a data de 2012 à chegada de “um grande Senhor celeste”. Tal coisa está relacionada às profecias nahuas da volta de Quetzalcóatl, mas também remete a uma visão do “Sol” como encarnação divina, tal como demonstra a Lenda nahua sobre a criação do Quinto Sol.
Esta lenda trata de uma Assembléia de “deuses” ocorrida em Teotihuakan, nomeada “a cidade onde os homens viram deuses”, como grande escola iniciática que foi, onde foram escolhidos (através de sugestão e de voluntariado) aqueles que deveriam se tornar os novos luminares da Humanidade. Quando foi escolhido o “homem de chagas” Nanahuatzin, que aceitou entrar no fogo da provação e assim se iluminar para virar o Sol. A idéia de Nanahuatzin ser um “esfolado”, denota o seu caráter pobre e sofrido (em contraste ao aristocrata que lhe desafiou na ocasião), especialmente por haver padecido durantes as provas a que se sujeitou para virar o Sol, como Jesus e Osíris, ou mesmo o próprio Quetzalcóatl antes de virar o planeta Vênus.
Aqui encontramos, pois, as balizas seguras e tradicionais do Pramantha, o cânone de evolução nos seus diversos níveis: Humanidade, Hierarquia e Divindade, tratando das realidades da Humanidade-em-evolução (raça-raiz), dos deuses (mestres) e de deus (avatar).
Nesta quarta Humanidade que chega, prevalece a energia espiritual, religiosa e sacerdotal de Quatzalcóatl como Vênus, na abertura do chakra cardíaco para a humanidade, possibilitando o encontro das almas-gêmeas e a iluminação verdadeira (imortalidade d’alma).
Através da Hierarquia dos novos Mestres (“deuses” co-criadores), se terá acesso à Sexta Iniciação, a qual abre os Sete Portais cósmicos de ascensão, incluindo aqui o Sendeiro de Serviço terreno dos Bodhistwas.
Por fim, o advento avatárico (“senhor celeste”) se relaciona também a Vênus através de Quetzalcóatl/Kukulkan, evocando Apocalipse 22:16, onde o Cristo anuncia “Eu sou a estrela da Manhã”, trazendo assim a energia do amor e da fraternidade, embutida no nome de Maitreya.
Assim, estas são, em resumo, as autênticas profecias maias-nahuas, de extração arqueológica (“científicas”, “tradicionais” e “espirituais”):
a. A Sexta Era solar (“Sexto Sol”) ou Sexta raça-raiz dos teósofos, e que é a quarta humanidade; transição a ocorrer através de fogo (vulcões) e terremotos (cf. nahuas).
b. A “vinda dos deuses planetários”, a hierarquia dos Chohans, os mestres cósmicos (cf. nahuas).
c. A chegada de um “grande Senhor celeste” em 2012 (maias); o ressurgimento do “Sol” divino ou a volta de Quetzalcóatl (nahuatl) ou de Kukulkan (maia); é a mesma profecia da volta do Cristo ou de chegada do Kalki Avatar.
No contexto da chegada do “Sol” anterior, a tradição nahua lega o mito da organização fundadora da “Assembléia dos Deuses” ou dos Iniciados, para criar o novo tempo e encontrar o verdadeiro “Sol” (messias), a fim de que a luz se fizesse sobre todos, tal como sucede na lenda dos Reis Magos em torno da figura do Cristo. Já que as doutrinas de salvação universal destinadas a todos, apenas podem advir através de sacrifícios expiatórios especiais realizados por figuras únicas na História, com plena capacidade de iluminação, ressurreição e ascensão.
Nisto tudo, temos o essencial da renovação espiritual do mundo através da tríade Humanidade, Hierarquia e Divindade, cuja reunificação é essencial para a regeneração do mundo e a retomada de uma nova Idade de Ouro mundial.
Nisto tudo, temos o essencial da renovação espiritual do mundo através da tríade Humanidade, Hierarquia e Divindade, cuja reunificação é essencial para a regeneração do mundo e a retomada de uma nova Idade de Ouro mundial.
As “Profecias” segundo o “maianismo”
Os acadêmicos chamam de “maianismo” a visão da cultura maia pelo ângulo New Age, e nisto incluem a todos aqueles a quem acusam de “especulação” e de “sincretismo” maia-nahua. Naturalmente, os “cientistas” não têm capacidade de discernir entre o New Age superficial e elitista (com suas profecias de tendência materialista ou mundana), e o verdadeiro espírito profético de renovação, espiritual e universalista.
É de perguntar, porém, quem será capaz de recuperar todas as verdades trazida por estas culturas, abortadas a ponto de terem os seus registros impiedosamente queimados num só dia, como ocorreu aos maias? Dificilmente a própria Ciência poderá fazê-lo, restando assim entregar a lanterna aos “especuladores” de bom-alvitre, que respeitam a ciência e acatam os indícios dos tempos, para assim reabrir as portas cerradas do conhecimento. Estes serão recompensados com a maior das dádivas: a iluminação e a vida eterna!
José Arguelles foi o principal representante do maianismo New Age, e não obstante trouxe muitos elementos de Tradição. Apreciava adaptar e tratar os calendários de uma forma lúdica e pessoal. Além de abalizar e recodificar todos os estudos avançados sobre o calendário maias e suas datas proféticas como é a de 2012, Arguelles legou algumas indicações especiais sob o rótulo de “As Sete Profecias Maias”, a saber:
“A 1ª profecia maia”: o fim do medo e da desconfiança, a restauração da fé do futuro.
“A 2ª profecia maia”: o eclipse de 1999 sinalizando uma mudança comportamental.
“A 3ª profecia maia”: o incremento de atividade solar e do aquecimento global com seus impactos na economia global.
“A 4ª profecia maia”: aumento do degelo das calotas polares e incremento no aquecimento global.
“A 5ª profecia maia”: a quebra do sistema financeiro.
“A 6ª profecia maia”: surgimento de um cometa que porá o planeta em perigo.
“A 7ª profecia maia”: a entrada da terra no novo Dia galáctico, através da passagem através do cinturão de fótons.
José Arguelles se intitulou “o encerrador do ciclo”, um profeta de finalização, e de fato lhe coube falecer às vésperas do final do ciclo a que veio encerrar, algo como Moisés morto ante a visão da sua Terra Prometida, se cabe aqui tal comparação. Cada vez mais Valun Votam tratou de incorporar uma linguagem messiânica em seu trabalho, que teve no mínimo o mérito de dar um destaque mundial à cultura maia e às profecias maias-nahuas, mesmo que adaptando a linguagem e por vezes até transformando o espírito das coisas, sem o qual talvez a sua missão não lograsse tamanho sucesso.
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